segunda-feira, 24 de outubro de 2011

A ciência em movimento (des)acelerado


Em tempos onde tudo muda muito rápido (nem sempre para melhor), o movimento slow science vai em posição contrária a essa ideia. A exemplo do que já aconteceu em outras áreas, onde se desenvolveram movimentos como slow life, a favor de uma vida menos agitada, e slow food, a favor de uma alimentação mais lenta, o slow science prega uma desaleração no ritmo da ciência.

Esse movimento se popularizou entre os anos de 2009 e 2010 e tem sido defendido por alguns cientistas pelo mundo. O que se defende não é o retrocesso, nem o retorno ao passado sem tecnologia e comodidade que a ciência nos proporcionou ao longo das últimas décadas. O que se defende é o desenvolvimento da ciência útil e coerente,em contrapartida ao que se vê por aí, onde cientistas publicam trabalhos irrelevantes, sem perspectiva e utilidade, apenas para gerar números. Em alguns casos, até se reduz o tempo das pesquisas e do prazo para a geração dos resultados com o objetivo de se publicar mais e mais.

Eu sou a favor do movimento, mas acho que o slow science provoca uma desconfiança na comunidade científica, uma vez que os cientistas não querem se comprometer a desenfrear suas pesquisas sem a garantia de que os outros farão o mesmo. É uma questão de guerra científica, mesmo.

O fato é que hoje em dia se tem publicado muito mais em revistas científicas (acadêmicas ou não) em todo o mundo, com um destaque para o número de publicações no Brasil. No entanto, há que se questionar a qualidade e a validade dessas pesquisas, pois se não corremos riscos. Parece que a disputa é muito mais pela quantidade do que pela qualidade. E isso é incentivado pela comunidade científica internacional, uma vez que as fontes para as pesquisas advem de órgãos de fomento gorvenamentais ou não, ou empresas privadas. Para conseguir financiamento para os projetos, é necessário ter certo número de publicações e isso favorece o desenvolvimento, muitas vezes, da ciência sem valor.